O autismo não se cura, se compreende e se respeita


      

   O transtorno do espectro autista, conhecido como TEA, é um transtorno de neurodesenvolvimento diagnosticado pela ruptura no processo de comunicação, socialização e comportamento. 
        O Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 18 de Dezembro de 2007, com o objetivo de alertar a sociedade e governantes sobre o TEA, acabando com preconceitos.
     Para falar sobre este dia, conversei com a Amanda Silva, de 35 anos, mãe do João Guilherme, de 9, diagnosticado com autismo.
    João foi diagnosticado com 1 ano e 9 meses. Segundo a mãe, ela só o levou ao neurologista, após a avó insistir. "João Guilherme era uma criança tranquila, porém não pegava as coisas, biscoitos com farelos. Vivia em seu mundinho, girava seus carrinhos e hélices de ventiladores desligados, tinha crises de gritos e vivia em um mundo à parte do nosso", conta Amanda. 
     O autismo é um enigma que afeta tanto à criança, como toda a família. O cuidado que requer uma criança ou adulto autista, é muito exigente para a família. Os pais enfrentam muitos desafios que geram impacto emocional, econômico e cultural. Muitos deixam até mesmo de trabalhar, para se adequar à rotina de terapias dos filhos, como é o caso da Amanda. "Não trabalho mais fora. Eu larguei a carreira para cuidar dos meus filhos, principalmente do João Guilherme, que requer uma atenção maior. Por ter alguns dias da semana de terapia, médicos e uma rotina na qual ele se sinta melhor e mais confortável", ressalta Amanda.
       Amanda tem outro filho além do João, o Kaique, de 7 anos. Segundo ela, o relacionamento dos dois é muito bom. "Kaique já compreende melhor a condição do irmão, e ele por si próprio ajuda , tenta acalmá-lo em momentos de crises, ele mesmo quer cuidar, quer ajudar . Já brincam mais juntos. Jogam vídeo-game e tiram sarro um do outro quando algum perde. Mas graças a Deus a relação deles é baseada no respeito carinho e muito, mas muito amor!", afirma.
        Amanda conta que, após o diagnóstico do João, muitas pessoas se afastaram dela e da família. Infelizmente essa é uma situação que muitas famílias de crianças autistas enfrentam. Por isso, hoje é um dia que devemos ter consciência de que tanto a criança, quanto a família precisam de amor, apoio e acima de tudo RESPEITO. 
     De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo são afetadas pelo TEA. Discutir a relação dessas pessoas com o mundo, assim como os direitos de conviver em ambientes sociais, é um dos objetivos de separar essa data para a conscientização. Desde 2007, cartões-postais de todo o mundo se iluminam de azul para lembrar da data e chamar a atenção da mídia e da sociedade para a conscientização do Transtorno do Espectro do Autismo. Alguns mais famosos são o Empire State Building (nos EUA), a Torre Eiffel (na França), a CN Tower (no Canadá), as pirâmides do Egito, e o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (RJ). Para este ano, o tema escolhido foi Tecnologias assistivas, participação ativa", ressaltando a importância de dar voz aos autistas adultos.

    Outro conflito enfrentado pelos pais da maioria das crianças diagnosticadas com autismo, é a dificuldade em encontrar escolas preparadas com profissionais habilitados. Amanda relata que a adaptação de João na escola, foi e ainda é muito difícil, pois ainda não é possível encontrar escolas de educação inclusiva de fato.  Acontece que, no Brasil  existem leis, mas que na prática não funcionam. Elas não funcionam porque a sociedade ainda não tem preparo para respeitar, aceitar e incluir. Nosso dever é conscientizar a sociedade para que as próximas gerações estejam muito mais evoluídas e bem preparadas para a inclusão e a aceitação das diferenças. As crianças autistas se tornarão adultos com sonhos, medos, desejos. Vontade de se formar em uma faculdade e exercer uma profissão. Elas são capazes disso. A sociedade precisa acolhê-las e dar a elas o espaço que elas precisam. Chega de preconceitos! 

     
       Finalizo este texto com uma mensagem deixada por Amanda, aos nossos leitores.
"Ser mãe de uma criança com autismo é  passar por constrangimentos com seu filho e não engolir sapos. Ser mãe de uma criança autista é ter uma dose exagerada de amor, carinho e verdade todos os dias. Ser mãe de uma criança autista é ter o desejo diário de ser melhor e melhorar o mundo, para que meu filho em um mundo melhor. Respeito, é o que pedimos para com nossos filhos especiais. Nem sempre aquela criança que grita na rua, está fazendo manha ou é falta de educação. As vezes não é. Na maioria delas é uma criança especial que está em crise. Então se você não pode ajudar, não julgue".


Ainda tenho esperanças em um mundo melhor.
Vamos nos conscientizar!





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