Sobre o tempo

Sobre o tempo 

Quando era criança adorava observar a areia passar devagar pela ampulheta; agora crescida, ao virar o objeto me deparo com um certo desconforto e inquietação.
Os grãos que antes eram lindos de observar ao cair feito um véu através de um estreito buraco, hoje me causa impaciência ao saber que aquela beleza significa o tempo se esvaindo. 
A cada grão que cai alguns milionésimos de segundo se passam e a cada montinho que se junta ao fundo do objeto um minuto que passa. 
Me vejo refletindo e questionando a mim mesma, pois quando criança admirava o tempo passar e mal podia esperar para que completasse toda a areia no fundo. 
Hoje, entro em desespero e não quero que toda areia chegue ao “chão”, giro a ampulheta antes que a complete, na tentativa falha de voltar o tempo. 
Quando cometo esse ato me sinto falha, pois vejo que estou apenas brincando com o “tempo” quando na verdade certa mesmo estava a criança que admirava ele passar sem se preocupar e apenas admirava o detalhe e a beleza que ele traz. 
Não sei bem qual posição tomar enquanto o tempo passa, às vezes devagar, e quando vejo a areia já está toda no fundo e já é hora de girar para o outro lado de novo. 
Gostaria de poder congelar o tempo, mas para qualquer lado que eu deixe o objeto a areia vai cair e me mostrar que o tempo não para. Mesmo que eu não vire a ampulheta novamente para o outro lado eu sei que no final, quando a areia parar de cair, acabou a contagem.











Um comentário:

  1. O tempo... Quanto tempo levamos para sentirmos falta de sermos crianças novamente? Quanto tempo devo sentir saudades de uma criança que cresceu? Queria uma ampulheta que me obedecesse...

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